Em 2021, assim como em 2020, o mundo permaneceu em isolamento social devido à pandemia de Covid-19. As escolas continuaram fechadas para aulas presenciais e substituídas por aulas online. O Colégio Bandeirantes, de São Paulo, foi uma das poucas escolas a adotar o ensino a distância majoritariamente assíncrono, em que os alunos assistiam em qualquer horário as videoaulas produzidas pelos professores. Havia aulas por videoconferência com horário definido, mas não era o modelo predominante. Neste cenário, o Bandeirantes necessitou compreender como os estudantes se apropriavam desse processo de aprendizado totalmente a distância.
O Colégio Bandeirantes solicitou à Zeigeist uma investigação sobre esse período tão desafiador. Drica Guzzi desenhou e coordenou esse processo de pesquisa e, desde o princípio, tinha a clareza de que era fundamental ouvir os estudantes. A pesquisa consistia em realizar grupos focais com alunos de todas as séries do Bandeirantes; uma pesquisa quantitativa online que todos os alunos poderiam responder; e a elaboração de um manual de boas práticas para a produção de videoaulas para ser um material de apoio para o corpo docente.
Foram realizados 12 grupos focais via Internet com 78 alunos de todas as séries, do 6º ano do fundamental ao 3º ano do ensino médio. Nos grupos focais os estudantes contavam como estava a rotina de estudos, como se organizavam para dar conta da programação e o que achavam das videoaulas. As pesquisas permitiram concluir que os alunos aprovaram o modelo assíncrono para controlar o ritmo de aprendizado, reconheciam o grande esforço dos professores e professoras em preparar as videoaulas e indicavam os critérios para identificar os melhores aulas.
A análise dos grupos focais forneceu elementos para as perguntas de uma pesquisa quantitativa online com todos os alunos. Também foi possível avaliar quais videoaulas os alunos consideravam melhores a partir de critérios mais claros.
Os grupos focais e a pesquisa quantitativa permitiram entender que os estudantes consideravam como boas videoaulas, por exemplo, aquelas em que o professor aparecia no vídeo ao invés de ter apenas a sua voz enquanto passava uma sequência de slides. Com essas informações, o processo foi concluído com a elaboração de um manual de boas práticas para produzir videoaulas, incluindo dicas dos docentes responsáveis pelas peças bem avaliadas na pesquisa quantitativa.
Esse trabalho realizado em plena pandemia revelou que os estudantes passaram por um grande processo de amadurecimento e apropriação do processo de aprendizado. Todos saíram diferentes, desejando ansiosamente pelo retorno das atividades presenciais, mas reconhecendo que o ensino online traz benefícios como uma autonomia da qual não gostariam de abrir mão depois que a pandemia passasse.