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No Programa Acessa São Paulo, uma política pública de inclusão digital do governo estadual, Drica Guzzi atuou pela Escola do Futuro-USP na execução de diversas iniciativas para promover a democratização da informação e o letramento digital. Uma dessas frentes de atuação, criada por Drica, Fernando Guarnieri e Carlos Seabra, foi o Fala SP. O portal do Acessa São Paulo foi o primeiro site governamental a utilizar o recurso de enquetes para os visitantes. Semanalmente, uma nova pergunta era apresentada em formato pop-up e os usuários dos postos do Acessa eram incentivados a responder e debater sobre o assunto.

Entre 2002 e 2006, mais de 150 enquetes foram realizadas, abordando temas como cidadania, governo eletrônico, sexualidade, religião, consumo, entre outros. Os monitores que trabalhavam nos postos, atendendo à comunidade de usuários do Acessa, eram incentivados ao máximo a divulgar as enquetes e a debater com o público sobre os temas e resultados. Frequentemente, os monitores também eram chamados para sugerir temas de enquetes, tornando o processo o mais participativo possível. A equipe da Escola do Futuro-USP contava com a redação final de Daniela Matielo, o tratamento dos gráficos de Júlio Boaro e a belas ilustrações de Avelino Guedes. A charge que ilustrava a enquete sempre gerava muito debate na equipe, pois sempre havia a preocupação de não se influenciar nos resultados. Tanto é que a enquete sobre o aborto ficou sem ilustração porque não havia nenhuma abordagem totalmente neutra.

O Fala SP trouxe à luz a possibilidade de reflexão sobre diversos temas, iniciando conversas sobre assuntos que, de alguma forma, diziam respeito a todos. Ao perguntar aos usuários do Acessa SP sobre gravidez na adolescência, por exemplo, eles eram instigados a pensar sobre os motivos desse fenômeno e a ter um olhar crítico sobre o problema. Ao questionar como os usuários do Acessa SP buscavam informações para decidir como votar nas eleições, eles precisavam avaliar suas fontes e estratégias para decidir seu voto.

A divulgação dos resultados trazia uma oportunidade de letramento na leitura de gráficos e no cruzamento de dados. Os resultados eram publicados após o encerramento da enquete, com as porcentagens absolutas e por recortes como faixa etária e sexo. A comunidade do Acessa SP tinha a oportunidade de desenvolver essa competência de leitura com uma experiência da qual ela mesma havia participado.

Hoje, a enquete continua sendo um recurso muito utilizado no meio digital, principalmente nas redes sociais para gerar engajamento. No entanto, o Fala SP continua sendo um veículo de vanguarda, principalmente pelo seu caráter participativo em todas as fases de produção e apresentação de resultados. Na esfera governamental, foi uma iniciativa muito ousada, abordando assuntos extremamente delicados como aborto, eutanásia e drogas, algo difícil de se imaginar ocorrendo nos dias atuais.

O resultado da enquete sobre eutanásia foi muito equilibrado.

O Fala SP não apenas promoveu o engajamento digital e o letramento crítico entre os usuários do Acessa São Paulo, mas também estabeleceu um precedente inovador para a participação cidadã em plataformas governamentais. Ao abordar temas delicados e incentivar a discussão aberta, o programa contribuiu para uma sociedade mais informada e reflexiva. Em um momento em que o engajamento digital é mais relevante do que nunca, o Fala SP serve como um exemplo poderoso de como a tecnologia pode ser utilizada para fomentar o diálogo e a inclusão social. A ousadia e o pioneirismo dessa iniciativa continuam a inspirar novas formas de interação e participação comunitária, destacando a importância de dar voz a todos os segmentos da sociedade em processos de tomada de decisão.

Todas as enquetes do Fala SP podem ser consultadas na Internet Arquive no link abaixo:

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